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Instituto de Arqueologia

O Palácio  Sub-Ripas

A meio da vertente ocidental da cidade, sobre a muralha medieval, muito próximo da Torre de Anto (Torre do Prior do Ameal) e do Colégio dos Órfãos (Colégio da Sapiência) assenta a Casa de Sub-Ripas. Situa-se a meio da rua com o mesmo nome, tendo sido construída nos pardieiros do Lic.º João Vaz, no lanço de sobre-a-riba e incorporado a própria Torre, uma e outra adquiridas por contrato de doação, ao tanoeiro Bastião ou Sebastião Gonçalves.

O conjunto das Casas de Sub-Ripas, Casa de Cima e Casa de Baixo, constitui um bom exemplo da construção civil quinhentista da cidade, devendo datar-se da época entre 1514 e 1547.

A construção fez-se aproveitando provavelmente edifícios ou paredes existentes, dispondo-se irregularmente por vários pisos numa superfície trapezoidal no sentido aproximado de nascente para poente. Divide-se em dois blocos: a chamada Casa de Cima ou do Arco, e a Casa de Baixo ou Casa da Torre. Os principais motivos artísticos da Casa de Baixo são a decoração naturalista, manuelina. A fachada principal é embelezada por um portal de pequenas dimensões mas envolvido por grande e elegante decoração naturalista traçada com verdadeira originalidade (torcidos, calabre com grossos nós, corrente com anéis decrescentes).

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A rematar o portal encontra-se uma edícula em arco quebrado encenando uma cruz de galhos. Debaixo deste, um escudete com chagas.

Sobre a porta, janelas decoradas no mesmo estilo, embora diferentes entre si. As primeiras possuem uma graciosa moldura de arco conopial rematado em florão manuelino. As do último andar, um pouco mais tardias, têm uma decoração renascentista, com medalhões de ambos os lados. Outro motivo de interesse reside nos inúmeros baixos - relevos que ostenta nas paredes exteriores e que, pelo estilo e técnica, se podem atribuir à oficina de João de Ruão.

Nos meados do séc. XVI, Sub-Ripas impressionava pela sua eloquência entre as moradias das classes e grupos privilegiados de Coimbra, face à modéstia das construções de carácter civil e doméstico.

Fonte: Boletim da Direcção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, Nº 131, Casa de Sub-Ripas, MOPTC, Lisboa, 1990.